domingo, 2 de janeiro de 2011

Como Evitar Discussões

   
Como evitar discussões

Falarei sobre como funciona uma discussão, e como evitá-la. Entenda que o problema das discussões possui causas internas (isso mesmo).

A melhor maneira de lidar com uma discussão, é evitando-a. Não se deve cair na falácia que a mente nos induz  de que é possível controlar uma discussão, pois nesse momento você perde o controle, e a raiva assume, e é difícil utilizar qualquer disciplina racional para controlar e lidar com a raiva. Segundo OSHO, é por que você acaba se identificando completamente com a raiva, logo você não consegue agir de outra forma que não aquela, e durante a discussão você acha que está certo em discutir, que vale a pena, sem avaliar direito o porque de estar discutindo (considerando o progresso normal de uma discussão, que são os ânimos exaltados).

Eu mesmo discuti com pessoa, e durante a discussão quando parei para pensar o por que de estar discutindo, eu pensei que era algo tão pequeno que não valia uma discussão. Mesmo assim continuei discutindo, arranjei muito facilmente outro motivo para continuar no páreo, o que demonstra outro aspecto da discussão : ninguém assume que está errado (só depois, com os ânimos calmos, isso é possível). Então, nas discussões entre parentes e amigos, o que está em jogo não são os argumentos e razões em si mesmo, mas sim os egos dos que discutem. E se discutem, foi por que seus egos se sentiram machucados com alguma opinião do outro, e isso faz com que eles reajam com sentimentos de animosidade (sentimentos esse que você não tem controle, você invariavelmente irá senti-los. Não rejeite a raiva, vai ser pior). Essa sensação de reação gerada por um ego machucado, é o que nós chamamos de raiva, que é derivada do medo, e esse medo vem do fato de que o outro abalou o conceito que você tem a respeito de si mesmo. E por que isso ocorreu? Aí depende do histórico de vivências de cada um.

Compreender isso é fácil. O difícil é aplicar isso na discussão, pois não adianta você pensar “ sinto raiva, por que meu ego foi machucado, pois tenho medo, a concepção de mim mesmo foi abalada, bla bla bla”. Não adianta argumentar racionalmente consigo mesmo, quando você está sob controle da raiva. Por isso deve-se evitar discussões de qualquer maneira.

Ninguém ganha uma discussão. Não vale a pena nem se arriscar a discutir algo, mesmo que pareça fácil vencê-lo, já que no final das contas, você estará se arriscando uma relação de qualquer forma. De forma irônica, o outro quando entra numa discussão, possui a mesma ilusão que você: que será fácil vencer uma discussão. Mesmo quando o adversário sai derrotado, os resultados pouco compensam: ele sai pensando que ainda está certo, na verdade ele defende seu ponto de vista mais fervorosamente do que antes, já que seu ego foi machucado. A defesa do argumento é o modo que o adversário tem de defender o próprio ego, e não o argumento em si (que ele próprio pode abandoná-lo mais tarde VOLUNTARIAMENTE , após uma discussão, ao perceber que machucou uma pessoa que gosta, e que nem valia tanto defender isso. Quantas vezes isso não acontece?). E o “vencedor” perde um amigo/parente/namorada, etc. Não vale a pensa discutir.

Ok a teoria é essa, então como evitar discussões? Claro, como existem diversos autores, há diversas respostas, mas se você observar, suas respostas se coincidem e se sobrepõem. Todos eles dizem a mesma coisa, de outra forma.
Antes de falar o que fazer, é preciso a compreensão a respeito de mais uma coisa: segundo OSHO, existem dois tipos de linguagem: a intelectual e a dos sentimentos. A primeira diz respeito a convencer uma pessoa através de argumentos, é bem essa que possui a chance de discussão, pois haverá invariavelmente pontos de divergência. Você a usa quando tenta conversar sobre, política, religião, futebol, quem está certo ou não no relacionamento, por que você fez isso ( e por que sempre espera ser compreendido, ao invés de compreender), e por que o outro não deveria ter feito aquilo. Discussão na certa.

A outra linguagem é a do seu sentimento. Você se expressa por sentimentos, e pelas impressões que as coisas causam em você. Só isso, sem tentar convencer ninguém.

A diferença entre essas duas linguagens é: na primeira, pelo fato do interlocutor estar falando d e maneira genérica e global, é como se ele falasse em nome de uma “verdade universal”. Isso faz com que você tente impor sua verdade sobre o outro. Este por sua vez se sente ameaçado em sua concepção de mundo, e reage, com pequena animosidade. Isso é suficiente para gerar uma discussão. Se você sentir esse sinal, se afaste, nãos seja ludibriado pela sua mente, que diz para você: “Não irá gerar uma discussão, só estou respodendo, esclarecendo-o”. Na linguagem dos sentimentos, você fala em nome de você mesmo (e não da verdade universal) através de sentimentos, sensações e impressões, e por isso mesmo o ouvinte se identifica com você, pois mesmo que ele discorde, ele irá falar cuidadosamente, pois os seus sentimentos poderiam ser os sentimentos dele.

Agora, deve-se criar uma disciplinar para integrar esse conhecimento na vida diária, o que obviamente exige esforço da sua parte. Se você está lendo isso por mera curiosidade, pare, pois você está perdendo seu tempo.

1. Falar de forma a expressar seus sentimentos e sensações que o fato em questão causa em você, e não estabelecer leis universais através da linguagem lógico-argumentativa. Deixe esta para o ambiente de trabalho. É a primeira dica, e a principal, com base no que foi explicado. Se você aplicar só isso, é o suficiente.

2. Falar devagar. Isso faz com que você avaliar duas vezes o que foi falado. Pode-se haver certa controvérsia do por que falar devagar, pois parece que a pessoa é lenta de pensamentos (o que pode causar más impressões). Não só isso, mais quando você fala rápido parece que você pensa rápido, e que possui total domínio do que você está falando. Mas aí entra a humildade de tentar resolver esse problema através de pensar duas vezes o que se falou. E quando você fala rápido, você acaba reproduzindo um conhecimento armazenado dentro da cabeça, você não avalia a situação para responder algo. Logo você está tentando adaptar a realidade ao seu pensamento, e não o contrário. Não preciso colocar como dica para que você pense duas vezes ou pense melhor o que vai falar: basta que você fale devagar, e você invariavelmente irá pensar duas vezes e melhor.

3. Complete as lacunas: ” Eu entendo que você pensa dessa maneira por causa de_______________ , mas eu penso isso por causa disso ____________ ”. Não sou muito a fim de colocar técnicas de livro de auto - ajuda, mas isso é realmente eficiente, testei e aprovo. Criada pelos consultores de relações interpessoais norte-americanos, Allan e Bárbara Pierce. Esse é o único conselho de livro de auto-ajuda que vale a pena ser aplicado, extremamente eficiente. O problema é que você deve ser (ou parecer) parecer sincero, prestando atenção prolongada ao falar isso. Mais o resultado é que os ânimos automaticamente se abaixam, e o outro irá ser cuidadoso em sua resposta. Isso pode acabar com uma discussão. Aliás no livro dos autores, essa é a única dica que eles recomendam para evitar discussões ( o que demonstra importância). Você ao mesmo tempo em que reconhece o outro, dá seu ponto de vista com base nas suas impressões (e não numa suposta “linguagem universal”). OK, como é uma dica de auto-ajuda, deve-se exemplos de auto-ajuda:
Suetônio: “Eu não acredito Tito, que você irá para farra na segunda feira”
Tito: “Eu entendo Suetônio, que você pensa dessa maneira, já que é segunda feira, início da semana, e as pessoas só pensam em trabalho. Mas eu vou tomar umas, pois trabalhei demais, estou cansado e meus amigos me chamaram.”
Pode se pensar “o primeiro personagem foi enxerido”, mas como disse, ninguém sobrevive a uma discussão. Pessoalmente não acho que valha a pena discutir por tão pouco (a não ser que a pessoa seja uma estranha, aí pode colocar ela em seu lugar).

4. Ao perceber que o que você falar pode ter uma conotação de argumento universal e lógico, mesmo que tenha uma leve dúvida disso: escolha sempre o silêncio. Mas as pessoas não gostam do silêncio, pois falar é o modo que você tem de ser reconhecido pelas pessoas. Você sentirá o impulso de falar mesmo que tenha a impressão que não deve.
     
Esse impulso irá ser maior naquele tipo de pessoa que tem o costume de ter seu ego alimentado pelo que falam: intelectualóides, meninas chatas que levantam a mão toda a hora na sala de aula, pseudo-filósofos, gente chata da cultura ( que se acha mais culta que você), gente que não foi escolhida para jogar futebol no recreio, enfim. Esses têm mais dificuldades em calar a boca, e falam como se estivesse encontrado as regras. Eu me encontro aqui. No fundo o que quero dizer aqui é: controle o impulso, o silêncio não é mau. Ao contrário, é sinal de sabedoria.
     
OBS: se você possui um namorado/namorada que grita com você toda hora discute por idiotices, (se for homem, se chega às vias de fato) o que eu falei também se aplica. Não que você deva evitar discussões com essa pessoa, mas ela obviamente possui problemas psicológicos que fazem com que os processos descritos aqui sejam agravados. Logo o mais correto é que você evite se relacionar com essa pessoa. Baseado em fatos reais.